BOAS INTENÇÕES
"Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os
caminhos da morte"
Provérbios 16.25
Em nosso dicionário uma intenção é aquilo que alguém quer que aconteça e
que motiva as suas ações. É o conjunto dos motivos que levam um
indivíduo a agir de tal forma. Para Deus as boas intenções dos homens
são um caminho que para ele parece direito, mas o seu fim conduz à
morte. As nossas boas intenções só levam à morte porque quem as motivam
são a alma, a nossa carne e não o Espírito.
A primeira boa intenção que encontramos nas Escrituras são as folhas de
figueira que os nossos pais Adão e Eva tomaram para coserem para si
aventais com o propósito de esconderem a sua nudez (Gên. 3.7). Mas isto
de nada adiantou porque Deus não vê como vê o homem, porque o homem olha
para a aparência, para o que é visível, mas Deus olha para o coração e
para o que é eterno (I Sam. 16.7 e II Cor. 4.18). Logo depois Deus os
vestiu com a justiça de Cristo (Gên. 3.21).
Em seguida vemos a oferta de Caim (Gên. 4.3). A intenção de Caim foi das
melhores. Ele era um agricultor por assim dizer, e ele ofereceu o fruto
da terra. Creio que ele não ofereceu frutos ruins a Deus, mas o que
tinha de melhor. Mas aquela boa intenção foi um caminho de morte para
Caim. Caim, como muitos, pensam que dando alguns presentes a Deus, suas
orações, caridades, ofertas ou dízimos, o fruto do suor dos seus rostos,
eles serão aceitos por Deus. Se isto fosse possível, Jesus jamais
precisaria sofrer naquela cruz. Não necessitaríamos nem do poder nem da
graça de Deus.
Em seguida vemos um povo desejando unidade, e construindo para si uma
cidade e uma torre que chegasse até o céu: a torre de Babel (Gên. 11.4).
Que mal há em desejar unidade, comunhão em todas as coisas, vivermos em
sociedade, esta não é a vontade de Deus? Eles tiveram uma boa intenção,
mas o seu fim eram caminhos de morte, porque a sua comunhão não era
produzida por Deus, pelo Espírito, mas por suas próprias mãos. Eles
diziam: "Eia, façamos tijolos... Eia, edifiquemos uma cidade e uma
torre..., façamos um nome". O texto em seguida diz que o Senhor desceu
para ver as suas intenções, e não aprovou (Gên 11.5).
Em seguida vemos o nosso pai Abraão em mais uma boa intenção. Deus tinha
dito que lhe daria um filho, mas ele olhando para a esterilidade da sua
esposa, e com a sugestão dela e em concordância com a sua serva, tomo-a
para gerar em nela um filho (Gên. 16.1-2). Era comum na época uma serva
servir de barriga de aluguel para a sua ama estéril. A intenção de Sara
e Abraão não foi perversa, mas boa. Ele simplesmente raciocinou: - se
Deus tinha lhe dito que lhe daria um filho, e sendo Sara estéril, só
poderia ser por sua serva. Mas Deus não aprovou a boa intenção de
Abraão, e aquilo só trouxe morte.
Nadabe e Abiú, filhos de Arão, escolhidos por Deus junto com seu pai
para fazerem os serviços sacerdotais também desejaram fazer algo
diferente para oferecerem a Deus. Eles pegaram os seus incensários e
colocaram neles fogo para oferecerem perante o Senhor, mas as Escrituras
dizem que Deus não lhes tinha ordenado isto (Lev. 10.1). Para o Senhor
foi um fogo estranho, pois o fogo que deveria ser usado para os
holocaustos, incensário e tudo o que usasse fogo, deveria ser daquele
que Deus tinha consumido o holocausto (Lev. 9.24), um fogo do alto. Foi
uma boa intenção, motivada por um desejo de oferecer algo a Deus, mas o
Senhor não aceita algo estranho que não revele o Seu Filho Jesus.
Outro que teve uma boa intenção, mas terminou em tragédia foi Davi. Ele
quis levar a arca de Deus que estava na casa de Abinadabe para
Jerusalém, e preparou um carro novo de bois. Uzá e Aiô, filhos de
Abinadabe, onde estava anteriormente a arca guiavam o carro. No caminho
os bois tropeçaram e a arca pendeu e Uzá para não deixá-la cair estendeu
a sua mão e pegou nela, e a ira do Senhor se acendeu contra Uzá naquele
lugar, e ele morreu (II Sam. 6.2-7). Davi e todo o povo estavam felizes,
cantando, levando a arca para Jerusalém. A Palavra diz que todo o povo
concordou com aquilo (I Cron. 13.4), mas as suas boas intenções levaram
à morte. Por ordem de Deus somente os levitas podiam levar a arca, e
Deus não muda, nem por mil anos (I Cron. 15.1-2).
O rei Ezequias é mais um personagem das Escrituras que tivera uma boa
intenção. O rei da Babilônia enviou o seu filho com cartas e presentes
para Ezequias, pois soubera que ele estivera doente, e Ezequias lhe
mostrou toda a sua casa e os seus tesouros, a casa de armas e todas as
riquezas de Israel. Mostrou-lhe tudo, em sua casa e em seus domínios (II
Reis 20.13). Foi uma boa intenção recepcionar bem o seu visitante tão
distante e ilustre, mas sabemos que o fim dela foi a morte, pois a
Babilônia invadiu Israel e levou todos os seus tesouros, todo o ouro e
inclusive os utensílios da Casa de Deus, e destruiu tudo (II Reis
24.13-15). As coisas de Deus são tesouros escondidos para os seus
filhos, e não para serem dados aos cães, nem aos porcos (Mat. 7.6).
Tudo o que Deus nos ensina tem em vista a glória do Seu Filho. As nossas
boas intenções partem de um desejo humano e sempre busca o
reconhecimento, a satisfação, a glória humana, por isso Deus não aceita.
Quando fazemos algo, ainda que tenhamos uma boa intenção, mas aquilo não
expressa a Pessoa de Cristo, não testifica do Filho e da obra consumada
por Ele, para Deus é morte, é inclinação da carne. Faz lembrá-lo de tudo
aquilo que pertence ao homem caído, ao desobediente, ao transgressor, ao
seu inimigo pela qual o seu Filho sofreu para salvar.
Amados irmãos, as Escrituras estão cheios de exemplos de boas intenções
dos homens. Citamos apenas alguns. Em nossa caminhada cristã somos
impelidos, ou por vezes tentados, a termos boas intenções para com Deus.
Como partem da nossa alma, a princípio parecem bons, mas o fim dele são
caminhos de morte. Somente a Palavra de Deus é viva e eficaz, e apta
para discernir os pensamentos e as intenções do coração (Heb. 4.12).
Somente ela revela o coração do Pai e a glória do seu Filho e nosso
Salvador Jesus Cristo.
Nenhum de nós pode andar pelas próprias intenções, que até parecem ser
boas aos nossos olhos e por vezes de outros. Mas como pudemos ver, o fim
delas são os caminhos da morte. Por isso temos que andar no Espírito, e
na Palavra de Deus que é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso
caminho, porque as boas intenções são obras da carne e de uma alma
caída, e a inclinação da carne será sempre morte. Que o Senhor nos ajude
a discernir as coisas da carne e a do Espírito, as que conduzem à Vida e
não à morte. Amém.